1. INT. Quarto de menina. Noite.

O quarto está apenas iluminado pela tela do computador. Ela fica checando se alguém deixou uma mensagem nova na internet, senta na beirada da cama, olha uma págima, olha outra, depois outra e nada. Pelo visto, hoje todos foram dormir mais cedo. E como se não tivesse nada para fazer, começa a pensar em quem ela é.

ELA
(Escrevendo)
eu sou aquilo que chamam de felicidade,
uma felicidade incompreendida,
que até chora, raramente, mas chora.
talvez melhor: sou o amor
irrecusável, intenso, imenso, imoral,
que não pede para ser um só, ou dois,
ou que não pode caber na sua explicação.
não sou aquilo que você entende
ou que seja capaz de musicar.
eu te faço desafinar,
habito na sua dúvida,
na pulga atrás da orelha.
não sei o certo ou o errado, só
o que quero, e como quero, e o quanto quero, e onde quero, e quero mais. mais!
sou aquela ardência,
seu desejo bandido.
sou o medo da morte, a vida bem vivida, a ferida mal curada,
aquilo que vai ficar, mesmo quando nada estiver mais aqui.
sou o palco, tablado, refletor, a estréia,
devoro aplausos, olhares
voo para tela de cinema, sou seu filme predileto.
sou o muito prazer ao conhecer, aquela música bonitinha que cantei para você,
aquelas noites, aqueles dias,
aquela despedida,
que sonha em voltar.
eu sou aquela
que ainda vai te ensinar a voar.

2 comentários:

Mari disse...

Que lindo Rapaz.
Adorei de novo!
Isso me lembrou uma coisa: vc tem que me levar pra voar Peter Pan!

Pâmella Véras disse...

Incrível!! Que descrição maravilinda!!