bem-te-vi

guarda em mim todo teu tormento, tomo de ti a escuridão e tremores. hoje, sou contentor das tuas trevas... sinto o teu peito contrito. deite-se onde ofertei meus rastros e assombre-se de mim. teu inferno eu roubei, então corra, desfaça as malas, venha nua, sobrou em ti apenas o paraíso
eu sou nosso, você é você-preciso gotejando pelas bordas, uma felicidade de onde vem? talvez venha assim: você é um éden, todo habitado, repleto, vivo, quase descabendo em si, daí chego, um calor, trago o apocalipse meu corpo meu barulho minha fome minha sede de quê... com minhas mãos, seu espaço se abre para acolher reticências
quero-quero, bem-te-vi, beija-flor... já flutuam pela terra as almas de nossas cecílias. nas suas entrelinhas sou um trem a todo vapor prestes a descarrilhar destinos corro mãos olhos bocas a toda pele arrebento sua represa inunda destroça o caminho das perguntas