poema pequenino, para lu rir.

lú,
adoro-lhe
adoro lhe fazer rir.
e você diz que sou bom nisso,

é o meu esporte,
meu time do coração,
torço muito por você, lindinha.

meu último elogio,
lú, você é o meu mengão.

Para Lu

última flor

feche a porta,
não deixe o mundo entrar,
quero sonhar na solidão,

rodeado de objetos, gravuras, filmes, músicas, fotos e travesseiros,
memórias de procelana, papel e utilitários high-tech.

parece que nossa vida desfaz-se no tempo e forma estalactites.
esse inventário de saudades selecionadas:
esta ganhei da primeira namorada;
é da minha viajem ao Morro de São Paulo;
uma jangada de Canoa Quedrada;
o autoretrato da Lu;
aquele cachecol;
a minha penúltima dor.

gostava quando minha ansiedade era contar os minutos até a hora do recreio.
a maior ambição era fazer o melhor castelo de areia.

quando era criança e me apaixonava por alguém, bastava pensar bem forte,
assim ela pensava em mim também,
como era mesmo que se fazia essa mágica?

éramos tão jovens,
lembro-me do seu cheirinho de chuva,
como permitimo-nos envelhecer? agora, há esse silêncio entre nós.
será que essa saudade pára?
será que as interrogações passam ou desistimos.
afinal, por quê?

escolhi ficar com o friozinho na barriga e fitar mil abismos,
mas é mais fácil viver de olhos fechados, de mãos dadas, à dois.

meu melhor amigo foi para Londres.
fico um tanto perdido sem ele aqui, era tão seguro,

tinha mais assuntos para escrever.
agora, desmancho-me em palavras,
já não tenho mais à quem dizer adeus.

mentira, que exagerado sou,
ainda tenho a Lu,

minha última flor.