hoje eu

hoje eu enxergo menos, ouso menos e peso vinte quilos mais,
uma febre no peito queimou minhas últimas lástimas de sanidade,
guardei um segredo que me fez sagrada,
o príncipe fugiu e me largou nua,
estou vaga,
ando na rua,
acerto meus passos com casais mais jovens
quero ouvir o que falam
mas não dizem nada, sorriem um com outro
então sento, fecho os olhos, tenho desligar cada sentido
até sobrarem somente os sons
ouço um hino... e choro
o que será que o tempo fez comigo?
o sofá me vence facilmente
parece que te vi passear num palco
vestida assim parece uma ilusão
é proibido desejar (deus queira que não)
que noite vazia, que lugar sem rumo
escondi o meu nome
zombam da minha história
eu sou a perdição
deixa de ser o que é para ser quem sempre foi
minha
não te recuso nada
estou no teu pesadelo
não durma

2 comentários:

vivivivivivivi disse...

lindo. =~

Lu Morena disse...

senti vários versos do Chico lendo isso. meio sombrio, meio nostálgico, muito bonito.